terça-feira, setembro 22, 2009

Manuescrever

Na era pré teclado escrever era, primeiro que tudo, um prazer físico. A simbiose entre a mão mandante e a caneta obediente resultava numa epifania apaixonada. Tudo isto independentemente de se escrever a mais enjoativa das carta de amor ou a mais malcriada das cartas de reclamação.
Escrever era também uma forma de exposição pessoal. Para os grafólogos um quase strip tease de personalidade.

Agora que os ts se apresentam num aprumo militar, que todos os is têm pintas de tamanho adequado, que a barriga dos gs não interrompe a linha de baixo e os fs não interrompem as linhas de cima e de baixo a distinção faz se por uma série de conceitos técnicos: fonte, glifo, tamanho, efeito, cor, espaçamento, etc.

A escrita deixou de ser uma arte manual para se tornar numa competência tecnológica. E não escrevemos melhor...

segunda-feira, setembro 21, 2009

Haiku


aconchegados
entre a novela e o novelo
pontos sem nó.



domingo, setembro 20, 2009

Literatura de viagens

Marco Polo (Veneza, 1254-1324), Ibn Battuta(Tanger, 1304-1377) e Fernão Mendes Pinto(Montemor-o-Velho, 1509 - Pragal, 1583). Todos eles viajaram até ao Oriente distante, todos eles regressaram para escrever as memórias das suas viagens. Dois foram viajantes, um foi peregrino, mas todos eles foram fonte de conhecimento e inspiração para as gerações futuras.

Há vários anos que tenho vontade de ler estes Chatwins medievais. E no ano da celebração da passagem de 500 anos sobre o nascimento de Fernão Mendes Pinto pensei que se não existe melhor modo de festejar um escritor que lê-lo, então É a hora.

Ao longo dos anos tenho comprado mais livros que aqueles que tenho lido. Numa versão algo bizarra da história da formiga e da cigarra, tenho armazenado livros com medo que algum cataclismo financeiro me assole e um longo inverno me impeça de comprar novos livros.

Por motivos financeiros e porque algumas traduções para português são de arrepiar compro sempre os livro que quero em inglês. Em português só os livros de autores de lingua portuguesa.

Na Amazon encontro os 3 livros que procuro, mas em inglês. Tenho algum preconceito em ler A Peregrinação em inglês. Será que neste ano de aniversário não seria possível fazer uma edição completa a um preço acessivel?

Seja ele o maior dos aventureiros portugueses ou um homem de grande imaginação valerá a pena certamente divulgá-lo.