sábado, setembro 24, 2005

Tree in Red


Platano

Rubaiyat - Odes ao Vinho (41)

Esquece que ontem devias ser recompensado e não o foste
Sê feliz. Não lamentes nada. Não te prendas a nada.
O que deve acontecer-te está escrito no Livro
Que o vento da Eternidade folheia ao acaso.

Omar Khayyam Irão, 1048

Rubaiyat - Odes ao Vinho (20)

Os nossos dias fogem tão rápidos como água do rio
Ou vento do deserto
Entretanto, dois dias me deixam indiferente:
O que passou ontem e o que virá amanhã.

Omar Khayyam Irão, 1048

Rubaiyat - Odes ao Vinho (31)

Ninguém pode compreender o que é misterioso.
Ninguém é capaz de ver o que ocultam as aparências
As nossas moradas são provisórias, excepto a última: a terra.
Bebe vinho! Basta de palavras supérfluas.

Omar Khayyam Irão, 1048

quinta-feira, setembro 22, 2005

Cantiga de Abril

Às Forças Armadas e ao povo de Portugal

"Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade"
Jorge de Sena

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinqüenta anos
reinaram neste país,
e conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até à raíz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Tantos morreram
sem ver o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essa paz de cemitério
toda prisão ou censura.
e o poder feito galdério,
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essas guerra de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por política demente.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim, altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Jorge de Sena 1974

quarta-feira, setembro 14, 2005

"A este desespero azul
de te querer sempre ao pé de mim
chamam os homens amor.

Mas o amor é outra raiva
de arrancar o sol da lua.
É andar com andorinhas na algibeira,
e dependurá-las na chuva..."

José Gomes Ferreira

terça-feira, setembro 13, 2005

E se, de repente,
voassem dos teus olhos
duas pombas azuis?

Então sim, poeta,
cairia pela primeira vez no mundo
o espanto da primavera completa.

José Gomes Ferreira
“uma viagem é sempre marítima, com ilhas de bruma, na antecipação do imaginado.”

Natália Correia

quinta-feira, setembro 08, 2005

A borboleta que poisou
no teu mamilo perdeu a
vontade de voar.

Jorge Sousa Braga